A toxina botulínica é um produto derivado de uma bactéria cujo nome é Clostridium botulinum. Alguns a conhecem por se tratar da causadora do botulismo, doença caracterizada pela paralisia muscular. Mas calma, pode ficar tranquilo, esse efeito da toxina acontece única e somente quando ela é ingerida! Ela já é usada como aliada da medicina há tempos, sendo aplicada inclusive em crianças, às vezes em doses mais altas, para tratar distúrbios da contração muscular, como torcicolo congênito, espasmos de AVC e afins.

Sua história com a dermatologia começou em 1980, quando uma médica oftalmologista canadense notou em suas pesquisas de tratamento de estrabismo com a toxina botulínica que, além de conseguir corrigir a movimentação lateral do olho, também era possível acabar com as rugas da mesma região. Então, ela e seu marido dermatologista, “os Carruthers”, como são muito conhecidos, passaram a investir mais em pesquisas sobre a toxina e seu uso na musculatura da face, nas rugas causadas por contração contínua. Eles estabeleceram os pontos onde poderiam usar a substância e as dosagens seguras para essas aplicações.

O primeiro uso liberado da toxina botulínica para fins estéticos foi nas rugas entre as sobrancelhas e não demorou para outras regiões do rosto serem consideradas aptas para o tratamento também.

Hoje, tanto no nosso consultório aqui em Jaraguá do Sul quanto nos outros consultórios de dermatologia, vemos que os lugares mais usados para tratamento com a toxina são as rugas dinâmicas da testa, a glabela (entre as sobrancelhas), os pés de galinha, as sobrancelhas (para elevar discretamente) e o nariz, na região perto dos olhos. Todas as aplicações são seguras se feitas considerando as quantidades corretas, assim como questões anatômicas, que excluem certas áreas onde o relaxamento muscular não é indicado. Ela paralisa o músculo na fase de relaxamento por alguns meses de forma segura, embasada pelos mais de 30 anos de estudos.

Atualmente, a tendência é que seja usada para prevenção de rugas e de forma mais branda, com menos paralisia completa, dando um aspecto mais leve, menos cansado e esteticamente mais bonito ao rosto.

Ela começa a agir em aproximadamente três dias após a aplicação e se mantém ativa por alguns meses. Em cinco ou seis meses depois da data, pode-se voltar e fazer uma nova aplicação ou, se for da preferência do paciente, não repetir o tratamento, sem qualquer dano para a pele ou musculatura.

Com o aumento de procura e investimento nas pesquisas, hoje outros pontos estéticos já são trabalhados para um melhor resultado, como o queixo, a linha da mandíbula – para reduzir a sensação de boca caída – e o pescoço. Fora da estética, ela também pode ser usada para tratar suor excessivo, especialmente nas axilas, para tratar a rosácea – quando usada em quantidades adaptadas e menores – e na prevenção de cicatrizes hipertróficas, para modular a formação da cicatriz, prevenindo queloides e cicatrizes hipertróficas. Nesse último caso, ela deve ser aplicada de 7 a 20 dias após o procedimento cirúrgico. Ainda pode ser uma aliada no combate a dores localizadas causadas pela Herpes Zóster e no tratamento de bruxismo, já que relaxa um pouco o músculo da mastigação.

Os benefícios da toxina botulínica são muitos e os riscos baixíssimos. Porém, para um resultado satisfatório e seguro, é necessário buscar por um médico que tenha pleno conhecimento técnico de anatomia e das indicações da toxina, para encaminhar a um tratamento desenhado com sabedoria e dentro das dosagens corretas.